terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma mente apaixonada é uma mente inquisitiva


Obviamente, tem que haver paixão, e o problema é como reviver essa paixão. Não interpretemos mal um ao outro. Quero dizer paixão em outro sentido, não meramente a paixão sensual, que é uma coisa muito pequena. E quase todos nos satisfazemos com isso, porque toda outra paixão tem sido destruída: destruída no serviço, na fábrica, seguindo a rotina de certa ocupação, aprendendo técnicas, aí não existe, pois, paixão alguma, não há um sentido criativo, um sentido de urgência e libertação. Devido a isso, o sexo se torna importante para nós, e ali nos extraviamos na paixão subalterna, que se converte num enorme problema para a mente estreita que se considera virtuosa, ou de outro modo se torna um hábito e morre. Reitero: uso a palavra paixão com o sentido de uma coisa total. Uma pessoa apaixonada que sente com grande intensidade não se satisfaz tão somente com alguma insignificante ocupação, tanto se é a de um primeiro ministro como a de um cozinheiro, ou a que prefiram. Uma mente apaixonada questiona, explora, observa, investiga, exige; não trata de encontrar algum objeto para satisfazer seu descontentamento e colocar-se a dormir. Uma mente apaixonada busca atentamente, caminha na obscuridade, não aceita nenhuma tradição; não é uma mente afirmada em si mesma, uma mente que tenha chegado, senão que é uma mente que está sempre chegando.

Krishnamurti - O Livro da Vida

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Comparação: uma tendência suicida



Ajustamento implica que me comparo com outrem, medindo o que sou ou penso que deveria ser, em comparação com o herói, o santo, etc. Onde há ajustamento, há necessariamente comparação. Descubra se você é capaz de viver sem comparação, que dizer, sem ajustamento. Desde a infância, somos condicionados para comparar – “Seja como seu irmão, como sua tia-avó”, “Seja igual ao santo”, “Siga Mao”. Na educação, comparamos: nas escolas damos notas ao alunos e os submetemos a exames. Não sabemos o que significa viver sem comparar e sem competir e, portanto, não agressivamente, não violentamente. Comparar-se com outro é uma forma de agressão e uma forma de violência. Violência não é só matar ou espancar alguém; é também espírito comparativo: “Preciso ser igual a fulano”, ou “Preciso aperfeiçoar-me”. O aperfeiçoamento próprio é a verdadeira antítese da liberdade e do aprender. Descubra por si mesmo um maneira de viver sem comparação, e verá acontecer uma coisa maravilhosa. Se realmente se tornar vigilante, sem nenhuma escolha, verá o que significa viver sem comparação, e nunca mais pronunciará as palavras “Eu serei”. 
Somos escravos do verbo “ser”, que implica: “Serei no futuro uma pessoa importante.” A comparação e o ajustamento andam sempre juntos; nada criam senão repressão, conflito, interminável sofrer. Importa, pois, descobrir uma maneira de viver em cada dia, sem nenhuma comparação. Faça-o e verá como isso é maravilhoso, como lhe liberta de tantas das suas cargas. Desse percebimento nasce uma mente sobremodo sensível e, portanto, disciplinada – que está constantemente aprendendo, não o que deseja aprender ou o que lhe dá gosto e satisfação aprender: aprendendo. Tornar-se consciente do condicionamento interior causado pela autoridade, pelo ajustamento a um padrão, pela tradição e a propaganda, pelos ditos de outras pessoas, e pela experiência acumulada, sua própria e da raça e da família. Tudo isso se tornou autoridade. Onde há autoridade, a mente não será jamais livre para descobrir o que cumpre descobrir: uma realidade eterna, inteiramente nova.

Krishnamurti

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